Nas tardes de fazenda há muito azul demais.
Eu saio às vezes, sigo pelo pasto, agora
Mastigando um capim, o peito nu de fora
No pijama irreal de há três anos atrás.
Desço o rio no vau dos pequenos canais
Para ir beber na fonte a água fria e sonora
E se encontro no mato o rubro de uma amora
Vou cuspindo-lhe o sangue em torno dos currais.
Fico ali respirando o cheiro do estrume
Entre as vacas e os bois que me olham sem ciúme
E quando por acaso uma mijada ferve
Seguida de um olhar não sem malícia e verve
Nós todos, animais, sem comoção nenhuma
Mijamos em comum numa festa de espuma
Vinicius de Moraes
2 comentários:
Caro Amigo
Este Poema está bem identificado com o passado, no Saltinho, e com a actualidade, na mijada das vacas.
Bem escolhido.
Parabéns
SOL da Esteva
Nesta actualidade,queria estar...
no Saltinho
Abraço
Paulo Santiago
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